terça-feira, 16 de novembro de 2010

Pioneirismo do Acre em gestão territorial e mapeamento participativo foi o destaque da abertura do Seminário Internacional Amazônia Indígena

A abertura do Seminário Internacional Amazônia Indígena, na noite desta segunda-feira, 15/11, foi um momento de união e fortalecimento dos povos indígenas que partilham do bioma Amazônia. Para a acolhida inicial, Josias Maná Kaxinawá, abriu os trabalhos com um lindo canto Kaxinawá. A mesa de abertura estava composta por Vera Olinda, Comissão Pró-Índio do Acre, Maria José Gontijo, diretora executiva do Instituto Internacional de Educação do Brasil, José Yube, representando a Associação dos Agentes Agroflorestais Indígenas do Acre, Nicolas Betis da Coordenação das Organizações Indígenas da Bacia Amazônica, COICA, e Francisco Piyãko, Assessor Especial dos Povos Indígenas do Acre. A mesa foi unânime ao exaltar o pioneirismo do estado do Acre como sede do Seminário Internacional Amazônia Indígena.
Canto Kaxinawá abre o Seminário Amazônia Indígena

Vera Olinda, da CPI-Acre destacou os trabalhos já desenvolvidos há duas décadas no estado do Acre sobre gestão territorial e mapeamentos participativos. Vera contou que há 20 anos o CPI-Acre começou a trabalhar com cartografia. “Se trabalhavam muitos mapas mentais que apontavam para um conhecimento indígena sobre a terra com o todo. Depois veio o etnomapemaneto e não paramos mais.” O Acre passou a ser referência de mapeamento participativo, que hoje é um instrumento fundamental do olhar do sujeito sobre seu território, completou Vera. Para ela, o Seminário será um momento importante para estreitar as afinidades entre as experiências dos povos indígenas que têm como principal característica sua diversidade cultural.

O Seminário Amazônia Indígena não é um ponto de chegada, é um ponto no caminho, enfatizou Maria José Gontijo, diretora executiva do IEB. Para ela, a articulação panamazônica em torno dessa agenda irá propiciar um encontro direto dos protagonistas que são os povos indígenas. Maria José explicou aos presentes na abertura os caminhos que chegaram até a realização do evento. Com o objetivo de qualificar as discussões sobre gestão territorial e mapeamento participativo, ao longo dos anos de 2005, 2006 e 2009, o Acre foi o ponto de encontro de diversos debates, esclareceu Maria José. “A participação dos países que formam a bacia amazônica é fundamental para aprofundar os conhecimentos e trocas entre os povos vizinhos”, concluiu.

Representando a Associação dos Agentes Agroflorestais Indígenas do Acre, José Yube, disse que hoje a terra indígena é limitada e demarcada [diferente do que era no passado]. Por isso, para ele, é necessário saber usá-la bem [a Terra Indígena]. “Esse é o primeiro de muitos encontros para conhecer as experiências e fazer bem para nosso povo e nossa vida", destacou Yube. “Essa discussão não é só para a gente, mas é para o mundo todo porque o meio ambiente é uma questão mundial.”

Nicolas Betis, da COICA, disse que o Seminário é um motivo de orgulho e alegria em encontrar os indígenas de diferentes línguas e culturas com o mesmo objetivo. “Essa experiência poderá fortalecer nossa identidade e autodeterminação. Estamos aqui para aprender e conhecer experiências”, afirmou Betis.

Nicolas Betis, COICA; Maria José Gontijo, IEB;
Francisco Piyãko, Assessor Especial do AC;
José Yube, Associação Agentes Florestais Indígenas
do AC e Vera Olinda, CPI-Acre.
Representando o governo do estado, o indígena da etnia Ashaninka, Francisco Piyãko, Assessor Especial dos Povos Indígenas do Acre, explicou que em 1999 os povos do Acre tiveram seus mapas territoriais incluídos nas políticas públicas de governo. Segundo ele, hoje o estado do Acre tem, mapeado, 35 Terras Indígenas e a população indígena é de, aproximadamente, 18 mil indígenas, distribuídos entre 180 aldeias existentes em várias regiões ao longo do rios. Com essa identificação, várias políticas de estado são desenvolvidas aos povos indígenas e são adequados às suas culturas, afirmou Piyãko. “Saímos de uma relação de muita dependência do governo para uma relação de parceria para que os indígenas pudessem traçar seus planos de vida”. Para ele, aproximar a discussão dos mais novos com os mais antigos é fundamental para garantir a cultura dos povos: “temos uma rede importante que é cuidar um do outro, avaliou Piyãko, e acrescentou que é necessário pensar uma estratégia para atacar os problemas.

Representantes do movimento indígena, da sociedade civil e de governos do Brasil, Bolívia, Colômbia, Equador, Guiana Inglesa, Guiana Francesa, Venezuela, Peru e Suriname se reúnem pelo mesmo objetivo: aprofundar os conhecimentos acumulados para garantir o bem estar e a autonomia dos povos indígenas. Após a cerimônia oficial, embalados por cantos indígenas, um coquetel de confraternização foi servido aos convidados.
Coquetel de confraternização uniu os povos


Fotos: Val Fernandes/Acre


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